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“O ambiente da comunicação reproduz todas essas lógicas e estruturas racistas, machistas e misóginas da sociedade.”, afirma Juliana Nunes

  • Foto do escritor: Ana Cavalcante
    Ana Cavalcante
  • 5 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Chefe de Redação da EBC, Juliana compartilha história, desafios e reflexões sobre diversidade e liderança feminina no jornalismo.


Crédito: Arquivo pessoal


Quando falamos sobre redação jornalística no Brasil, é impossível ignorar a complexidade do ambiente: um espaço que frequentemente reflete a estrutura social do país, com desafios relacionados à representatividade, racismo e desigualdade de gênero. Mas é nesse contexto que Juliana Nunes, atual Chefe de Redação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vem desbravando caminhos e construindo uma carreira marcada por determinação e propósito.


No mais recente episódio do podcast “Beezu – Comunicação em Pauta”, “Aquele em que ela dita as regras”, Juliana abriu as portas para sua história, relembrando suas origens, escolhas e o impacto que sua trajetória teve não apenas em sua vida, mas também no jornalismo brasileiro.


A descoberta do jornalismo e os primeiros passos na carreira


Juliana conta que seu primeiro contato com o universo da comunicação ocorreu ainda na infância, quando gostava de escrever histórias. Apesar de passar por dúvidas em relação à escolha profissional – entre Direito, Fonoaudiologia e até História –, foi na comunicação que encontrou um campo onde poderia unir aprendizado contínuo, diálogo e criatividade.


Formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), Juliana deu os primeiros passos na profissão com um estágio no jornal Correio Braziliense. Lá, adquiriu experiência em coberturas variadas, incluindo temas de saúde, educação e direitos humanos. “Esse período foi essencial para entender a diversidade de pautas e narrativas que a comunicação permite abordar”, destacou.


Os desafios de ser mulher negra em uma redação brasileira


Ao refletir sobre sua ascensão profissional, Juliana revelou os desafios de ser uma mulher negra em posições de liderança dentro do jornalismo. Ela destacou o racismo estrutural, o machismo presente nas redações e a falta de representatividade como barreiras constantes. “O ambiente de comunicação ainda reflete as lógicas racistas e misóginas da sociedade. É preciso criar estratégias para não apenas sobreviver, mas transformar esse espaço”, afirmou.


Juliana também lembrou a importância de projetos como o programa Viva Maria, da jornalista Mara Régia, como inspiração para abordar questões sociais e de gênero. “O jornalismo é uma ferramenta poderosa para representar as vozes que historicamente foram silenciadas”, ressaltou.



Liderança e representatividade na EBC


Hoje, como Chefe de Redação da EBC, Juliana ocupa um dos cargos mais desafiadores e significativos em sua carreira. Ela acredita que a mudança começa com a criação de ambientes mais inclusivos e respeitosos. “Temos visto uma transformação na forma como mulheres negras são percebidas no jornalismo. Ainda há muito a ser feito, mas já caminhamos em direção a um futuro mais igualitário”, disse.


Além de liderar uma equipe diversificada, Juliana se dedica a promover discussões sobre temas essenciais, como a importância de políticas editoriais que valorizem a pluralidade de vozes no jornalismo.


Inspirando uma nova geração de comunicadores


Para Juliana, o futuro do jornalismo está na capacidade de contar histórias que representem a realidade brasileira em toda a sua diversidade. Seu conselho para jovens jornalistas – especialmente mulheres negras – é claro: "Não desistam, mesmo diante das adversidades. O jornalismo precisa de vocês para construir um mundo mais justo e inclusivo."


No episódio do Beezu, ela citou uma frase que marcou sua trajetória: “Vá no seu tempo, mas vá até o fim.” Essa mensagem, assim como sua história, ressoa como um lembrete poderoso de que a comunicação é mais do que uma profissão – é um ato de resistência e transformação.


Por Ana Cavalcante

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